domingo, 13 de novembro de 2011

Retalhos de Moscavide

Moscavide é uma freguesia portuguesa do concelho de Loures, fronteira a Lisboa, com 1,02 km² de área e 12 184 habitantes (2001). Densidade demográfica: 15 823,4 h/km². Localizada no extremo sudeste do concelho, a freguesia de Moscavide faz fronteira com Sacavém, a norte, Portela, a oeste (em Loures), com Santa Maria dos Olivais, a sul (na cidade de Lisboa), e ainda com o rio Tejo, a este. Para além disso, inclui ainda uma parte do Parque das Nações, estrutura onde esteve alojada em tempos a EXPO 98.
Moscavide é uma freguesia relativamente recente. Foi criada em 23 de Março de 1928, através do decreto n.º 15 222, por desmembramento das freguesias de Santa Maria dos Olivais (Lisboa) e de Sacavém (Loures), ficando integrada no concelho de Loures.[1]
Abrangia então os sítios da Encarnação, dos Marcos e de Beirolas, envolventes da chamada Estrada de Moscavide (à qual foi buscar o seu nome), que seguia rumo a Sacavém (curiosamente, no entanto, a dita estrada continuou integrada na freguesia dos Olivais até hoje; a parte remanescente originou a Avenida de Moscavide, que é hoje a rua mais movimentada da localidade).
Mais tarde, em 4 de Fevereiro de 1955[2], e por motivos ainda não completamente esclarecidos (posto que o diploma legal é omisso), decorrentes da delimitação entre os concelhos de Loures e Lisboa, a região de Beirolas, onde estava sediado um quartel do Exército, transitou para o espaço da freguesia dos Olivais, o que confere à freguesia a sua estranha configuração geográfica na parte oriental[3]. Em 1996, um projecto de lei da autoria do PS previa a rectificação dos limites concelhios e a reintregação de Beirolas em Moscavide [4], mas a iniciativa, depois de ter baixado à respectiva comissão parlamentar de administração do território, acabou por caducar com o fim da legislatura, não tendo sequência.
O nome Moscavide parece derivar do árabe maskabat, que significa «sementeira», denotando assim a grande antiguidade do sítio. Conhecem-se alusões em tempos antigos ao sítio de Busca-Vides, que eventualmente também terá contribuído para a formação do topónimo moderno.
Não obstante o seu reduzido espaço, Moscavide cresceu bastante, fazendo com que a freguesia fosse, durante muito tempo, uma das de maior densidade populacional do concelho de Loures. Este desenvolvimento populacional exagerado é ainda hoje recordado no seu brasão, através dos favos de mel que fazem lembrar o modo como a freguesia cresceu. Paralelamente, a vida operária deu lugar ao comércio e aos serviços, que ainda hoje são uma imagem de marca da terciarização do espaço urbano moscavidense.
Moscavide viria, em face disso, a ser elevada a vila em 3 de Abril de 1964, pelo decreto n.º 45 637 (decreto esse que conferia idêntico estatuto à povoação de Odivelas, então também situada no concelho de Loures).[5]
Destaca-se, do conjunto urbano, a Igreja de Santo António de Moscavide, construção recente e em linhas modernas (foi inaugurada em meados dos anos 50). Moscavide integra também no seu território o Seminário do Cristo-Rei, pertença do Patriarcado de Lisboa, algumas velhas quintas (Alegria, Candeeiro, Cabeço), e antigas vilas operárias.
Actualmente, conta também com uma vida nocturna bastante activa, vinda desde a Expo 98, pois é neste freguesia que se situam os "bares do Oriente", uma alameda de cafés, restaurantes e discotecas, à beira-rio, frequentados maioritariamente aos fins de semana e vésperas de feriados pelos mais jovens.
Heráldica
Os habitantes do Parque das Nações defendem, actualmente, a criação da Freguesia do Oriente, cujo limite Norte será, uma vez fundada, o rio Trancão, o que, na óptica da Junta de Freguesia de Moscavide, amputará uma parte significativa de território da freguesia. No entanto, esse território não faz parte, em termos funcionais, de Moscavide, mas sim da Cidade de Lisboa. A proposta visa, portanto, adequar a divisão administrativa à realidade das populações.
Tal desejo é, em geral, recusado pelos habitantes de Moscavide que não habitam no Parque das Nações. No entanto, os partidos e organizações que defendem esta alteração administrativa (ou seja, a criação da Freguesia do Oriente dentro do Concelho de Lisboa ou, no mínimo, a inclusão de todas as áreas do Parque das Nações na Freguesia de Nossa Senhora dos Olivais) defendem ser esta a forma mais racional de gerir um espaço como o Parque das Nações, que actualmente é dividido por três freguesias e dois concelhos (além de que o Concelho de Loures, actualmente, não administra o território do Parque das Nações - por exemplo, não administra a distribuição de água nem os outros serviços municipalizados, ao contrário com o que acontece com a parte de Lisboa - recebendo apenas os impostos municipais provenientes do mesmo, o que implica um desfasamento entre quem recebe e quem actua).
Com a dissolução parlamentar em finais de 2004, ordenada pelo Presidente da República, as iniciativas legislativas em causa caducaram, mas já na Legislatura do Partido Socialista foram ambas de novo apresentadas à discussão pelo PSD, achando-se de momento na comissão de ordenamento territorial, para discussão.

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