sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PARQUE NATURAL DA SERRA DE S. MAMEDE



O Parque Natural da Serra de S. Mamede foi criado em 1989 com o objectivo de assegurar a conservação da natureza, é o unico existente no Norte Alentejano. Tem um papel fulcral no que se refere a regras de exploração do meio natural, de forma a harmonizar as actividades humanas com a dinâmica dos ecossistemas e a partir daí ser fonte de benefícios para ambos.
A Serra de S. Mamede tem uma altitude de 1025m e fica situada no Alto Alentejo. Tem cerca de 40km de comprimento por 10km de largura e é o extremo Ocidental da cordilheira Luso-Espanhola, o Parque Natural da Serra de S. Mamede inclui o essencial desta área, na qual se engloba a diversidade da flora e da fauna, com especial referência para as aves de presa. É uma região com vestígios de povoamento desde o Paleolítico até à actualidade, essencialmente no que se refere à actividade agrícola. Segundo conta a lenda, Mamede que viveu no século XI, era cristão e perseguido, refugiou-se nas montanhas a pregar a sua religião e por algum motivo hoje desconhecido, deu origem a um mito do qual se extraiu o nome da serra e à volta do qual se criaram certas tradições, como por exemplo, e até há pouco tempo atrás, os pastores trazerem os seus rebanhos até à ermida de S. Mamede, no alto da serra, para que fossem abençoados, o que nos dá um retrato de uma sociedade vocacionada também para a pastorícia.
Em termos legislativos, o estatuto de conservação teve início com o decreto-lei n.º 121/89 de 14 de Abril e que deu origem à criação do Parque Natural da Serra de S. Mamede. Posteriormente e de acordo com uma resolução do Conselho de Ministros de 28 de Agosto de 1997, dá-se uma reclassificação do parque que passa a estar inscrito na Lista Nacional de Sítios Rede Natura2000. Em 23 de Setembro de 1999, atinge o estatuto de Zona de Protecção Especial e finalmente em 2004 estabelece-se, através de uma nova reclassificação, a interdição da caça em todos os terrenos cinegéticos não ordenados dentro dos limites do parque.
Como valores geológicos, toda esta zona encontra-se provida de extensos alinhamentos de quartzo originados por movimentos compressivos laterais que tiveram origem na formação dos continentes. O terreno é composto por granitos associados ao quartzo nas bordaduras da serra, enquanto que no maciço central predominam os xistos e calcários.
As suas características edafo-climáticas, contribuem, tanto a nível da fauna como da flora, para uma enorme diversidade.
O coberto arbóreo é composto essencialmente por sobreiro (Quercus suber), estando também representado pelo carvalho negral (Quercus pyrenaica) e pela azinheira (Quercus rotundifolia), outrora bastante abundante, mas agora já só restringida aos locais em que as condições edafo-xerófitas o permitem.
Entre os diversos habitats deste meio, podem ainda identificar-se, matos arborescentes e matos de leguminosas, onde predominam também manchas semi-naturais, explorações semi-abandonadas e toda uma enorme variedade de, olivais, castinçais, soutos, pastagens, pinhais, etc.
Na parte mais influenciada pelo Homem, vemos, nas encostas viradas a Sul, as culturas de tipo mediterrânico tais como, a oliveira e a vinha entre outras menos representativas. Nas encostas viradas a Norte, temos um tipo de vegetação completamente diferente, onde predominam tanto a cerejeira como o castanheiro ou a nogueira, a salientar que nas zonas mais artificializadas do parque se encontra uma grande área de pinheiros (Pinus pinaster) que ocupa a maior parte do maciço central da serra. Dentre todas as espécies silvestres existentes no local, destacam-se duas que são consideradas raras, o Lamium bifidum e o Trisetum scabrisculum. Em certos vales existe uma boa integração entre a parte humanizada e a parte natural, esta situação resulta numa paisagem de carácter mais harmonioso e com maior valor paisagístico.
Um dos factores mais importantes na biodiversidade deste parque natural consiste na importância do mesmo a nível ornitológico, fazendo inclusivé parte de rotas migratórias importantes de muitas espécies de aves no percurso da Europa para a África e vice-versa. De um inventário já efectuado, foram identificadas até agora pelo Atlas das Aves do PNSSM cerca de 150 espécies, dentre as quais, 40 nidificam no parque. Das espécies em maior destaque, podemos salientar a águia-de-bonelli, (Hieraaetus fasciatus) o grifo (Gyps fulvus) e o abutrer-preto, (Aegypius monachus) encontrando-se ainda a cegonha-negra, (Ciconia nigra) apenas para salientar algumas das mais importantes.
Existem também mamíferos com estatuto de ameaça, devido a ser uma população que está em declínio, principalmente na Europa, a lontra (Lutra lutra) é um dos casos e o rato de cabreras, (Microtus cabrerae) que além de ameaçado é considerado uma espécie rara, é outro dos casos. Da fauna mais comum salientam-se, o texugo, (Meles meles) o sacarrabos (Herpestres ichneumen) e o coelho-bravo, (Oryctolalus cuniculus) isto só para citar alguns. Na antiga mina de chumbo da Cova da Moura e em grutas calcárias existentes na zona, encontram-se importantes colónias de morcegos, e é grande a variedade de répteis e anfíbios, sendo o local onde se pode encontrar a maior quantidade de espécies, a salientar, o lagarto-de-água (Lacerta shreiberi) e duas espécies de cágados (Emys orbicularis e Mauremys caspica) que se encontram ameaçadas.

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